A Pena da Caneta-Tinteiro

A pena é o coração da caneta tinteiro. Penas de qualidade são feitas a partir de lâminas de ouro de 14 ou 18 quilates que depois de prensadas tomam a sua forma clássica.
A ponta da pena é feita de Iridio, um metal da família da platina, que tem como características fundamentais a sua consistência e dureza. O iridio é soldado na pena de ouro, que depois, é polida.
As penas são submetidas a numerosos testes mecânicos e ópticos em cada estágio de sua produção. São colocadas por 24 horas em um tanque com água em rotação e polidas por milhares de pequenas partículas de porcelana. Este processo elimina qualquer tipo de rugosidade e ao final é dado um polimento com esferas de cobre. Depois de mais de 30 operações de alta precisão, a pena está quase pronta para uso, faltando apenas o último dos testes: a sua performance escrevendo. Isso é feito manualmente, uma a uma, onde através da reprodução de vários circulos que se parecem com o número 8 pode-se observar a sua suavidade e inteireza. 

A flexibilidade de uma pena

Um item muito importante para a escolha de uma boa pena é o conhecimento de sua flexibilidade que depende fundamentalmente dos seguintes quesitos: 

  • conteúdo de ouro
  • dureza da pena
  • forma construtiva
  • distância entre a tomada de ar e a ponta da pena
  • tamanho da tomada de ar. 

A flexibilidade aumenta com o teor de ouro, menor dureza da pena, menor distância entre a tomada de ar e a ponta e o aumento do tamanho da tomada de ar. 

Ao longo de muitos anos de colecionaismo aprendemos que a melhor forma de testar a flexibilidade de uma pena é a técnica do “dedão” aprendida com experientes colecionadores. 

A técnica é fácil, pois basta colocar a ponta da pena no polegar e apertar. Se a pena for rígida as hastes da pena abrirão muito pouco, se for semiflexível um pouco mais e se flexível, abrirão da forma como pode ser observado na foto a seguir:

A pena usada para o teste é uma Waterman nº 7, pink, flexível. Essa pena que é fina, ou seja, tem uma largura no irídio de 0,6mm, com o aperto ela se torna uma pena com um traço de 1,6mm, ou seja, mais de 160% que o seu traço original. 

Tipos de Penas

Além da flexibilidade é importante também conhecer o tipo de pena que melhor se adequa a nossa empunhadura e traço que desejamos. Normalmente se tem em mente apenas as bitolas fina, média ou grossa, mas há uma variedade grande de tipos de pena que variam de fabricante para fabricante. Uma pena fina de um determinado fabricante não tem necessariamente o mesmo traço que uma pena fina de outro fabricante.  
Para exemplicar, com base no catálogo de 1938 da Parker original em português, editado para comemorar o seu quinquagésimo jubileu, há uma tabela que reproduzimos a seguir e que aparecerá com mais nitidez se clicado sobre ela: 

É importante observar que foram 14 os tipos de penas fabricadas pela Parker em 1938, sendo 7 rígidas e 7 flexíveis. Tanto o quadro relativo às penas rígidas quanto o das flexíveis há uma divisão em vermelho entre as penas extrafina, fina e média e as outras. A Parker explica que 95% das penas fabricadas são exatamente nessasbitolas e os outros 5% se referem às penas consideradas especiais e que se encontram dentro dos quadros em azul. 

O catálogo da Sheaffer de 1949 traz 16 tipos diferentes de penas do tipo Triumph, cuja tabela é reproduzida a seguir: 

Observe que a a Sheaffer produziu inclusive uma pena específica para os músicos. 

De uma forma geral a largura da pena no irídio para as canetas vintage de origem americana, eram: 

  • Agulha – 0,4mm
  • Extrafina – 0,5mm
  • Fina – 0,6mm
  • Média – 0,8mm
  • Grossa – 1,0mm 

Quando são comparados os traços das canetas vintage com as canetas modernas constata-se que estas para uma mesma bitola são mais grossas que as vintage. 

Por exemplo as canetas Montblanc e Pelikan atuais e outras de origem européia apresentam largura de irídio conforme a seguir: 

  • Extrafina – 0,6mm
  • Fina – 0,8mm
  • Média – 1,0mm
  • Grossa – 1,2mm
  • Extra grossa – 1,4mm
  • Special – 1,6mm 

Nas canetas de origem asiáticas como Pilot-Namiki, Platinum e Sailor continuam predominando as penas finas com 0,6mm de largura de irídio.

Importante ainda salientar é que quanto mais fina é a pena, mais ela arranha. 

Finalmente, mas não menos importante que a escolha da caneta e da pena adequada, são as escolhas da tinta e do papel em que se vai escrever. Com tinta e papel ruins, o melhor mesmo é usar uma esferográfica.

Star Fountain Pen - julho de 2002 e maio de 2010
Texto: Humberto Sanches Netto
Fotos: Silvério Sanches III